sábado, 11 de setembro de 2010

PÓS GRADUAÇÃO NO HOSPITAL SÃO JULIÃO

60 HORAS NO SÃO JULIÃO


Neste mar sublime, sem águas
Regado de um verde acolhedor
Onde o balançar das árvores
Dão as boas vindas.
Num perfume inconfundível da natureza
Onde postados em cantos e bancos
Juntam-se aos afazeres das tarefas
No tamborilar das cigarras vivas
Ou entre suas carcaças grudadas em folhas ou troncos.
Onde os sabiás entoam um cantar melancólico,
Mas com sabor poético
Um som longínquo de máquinas nos diz que não estamos sós.
Até um urubu solitário vagueou por estas bandas
Procurando quem sabe a carcaça de uma cigarra
Ou por puro engano, pois aqui só há vida.
E quando um silêncio absoluto se faz
Lá vem o sabiá trazer a vida de volta
Saltitando entre as folhas ao chão.
E dividindo o tempo, estamos nós entre três, quatro parede
Ou mesmo sem paredes pelos cantos e bancos
Buscando, assim como os sabiás, as cigarras e o urubu(sem enganos)
Encontrar um caminho.
Mesmo que seja uma simples trilha ladeada por flores e cores
De todas as fragrâncias, mas que leve ao infinito.
Porque o saber(conhecimento) não tem fim.
Ele deve renascer a todo momento,
A cada momento em que se tira a máscara da ignorância.

120 HORAS EM SÃO JULIÃO

Que lugar é este, onde a natureza privilegia a vida
E a vida é um privilégio da natureza?
Novamente me vi as voltas de um sentar tranqüilo
Num canto não qualquer,
Mas beirado pelo velho pinheiro de idade indefinida.
Procurei em vão as carcaças grudadas nos troncos e folhas.
Onde está o poeta e sua cantoria melancólica?
E os tamborins das cigarras?
As máquinas se fizeram silêncio.
Até o urubu solitário quem sabe pra onde rumou.
Mas, e o silêncio? E se fizer macabro? Quem trará a vida de volta?
Será o João de barro que tão perto me olhava com olhos de ver?
Ou quem sabe a borboleta que pousou na flor com a suavidade da pluma,
E depois se foi num voar altaneiro?
Ou o colibri que beijou a flor, que pairou no ar e também se foi?
O olhar aguçado não me bastava.
Então era preciso o sentido real do ver e do enxergar
E quem sabe do escutar.
Mas o que faltava se nos cantos e bancos
Ainda estavam postados aos afazeres da leitura
Ou cercados pelas três, quatro ou sem paredes.
O que faltava então?
O sabiá que talvez se agasalhava no ninho na esperança da vida?
Será preciso um grito do silêncio pra me levar à realidade?
Ou era preciso apenas olhar com olhos de ver?
Já que eu sentia todas as fragrâncias.
Ou quem sabe mais uma vez tirar a máscara da ignorância?

180 HORAS EM SÃO JULIÃO
Novamente estávamos juntos.
Eu e o velho pinheiro.
O que parecia uma despedida,
Fez-se num diálogo de silêncio.
Não procurei pelos sabiás.
Porque os vi a alimentar seus filhotes.
Não procurei pelas carcaças.
Porque a primavera estava por chegar.
O João de Barro continuava com olhar de quem confia.
Tudo parecia como dantes.
Até que algo me chamou a atenção.
As árvores se faziam em novos brotos.
Era o sinal de um novo arborescer.
Nos cantos e bancos ainda estavam postados
aos afazeres do aprender.
Mas, o vento soprava com aroma da nova estação.
Era a primavera se aproximando.
Porque as folhas no seu vermelho escarlate caiam.
E outras de um verde musgo renasciam.
A borboleta em casulo esperava o reflorir.
E o colibri ainda pairava no ar em busca da fragrância.
Oh! Velho pinheiro! Velho pinheiro!
Que momentos tivemos juntos!
À sua sombra, me deliciei de sua imponência.
À sua sombra, me senti tão grande
como a fortaleza de seu tronco.
À sua sombra, velho pinheiro,
senti sua energia e senhor da natureza.
Como ei de te agradecer, velho pinheiro
Se não, ver como podes arcar o mundo inteiro
com seus fortes braços?
Como te agradecer, se não, ver como agasalhas
as criaturas divinas e as protegem do calor do sol
e do molhar das chuvas?
Oh! Velho amigo pinheiro!
Devias ser arrogante, mas não é.
E na sua simplicidade, se faz em moradia para tantos.
Agora me despeço em silêncio
Assim como foi o silêncio de nosso diálogo.
Com a certeza de que muito aprendi.
E você foi o canal de energia do meu aprendizado.
Até um dia, quem sabe.
Meu velho amigo, pinheiro.
Sávio de Oliveira

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

POESIAS DE MINHA TERRA

CAMPO GRANDE NASCEU ASSIM
2º lugar no concurso "Campo Grande em prosa e verso(2008)
Aqui chegaram vindo das terras de Minas,
Uma família que até hoje é tradição.
Carro de boi e deixaram muitas trilhas,
Pelo caminho foi formando plantação.

Por muitos meses desbravando essas terras.
Acampamentos num mundo de solidão.
E a saudade dos amigos que ficaram,
A dor no peito que feria o coração.

Buscando novos horizontes esquecidos,
Inexistentes no mapa dessa nação.
Trilhou caminhos muitas nascentes e fontes,
Até chegar no cruzamento de dois rios.

E nessas terras escampadas, pradarias,
Grande campinas, a família decidiu.
Fincar aqui sua primeira bandeira,
Enriquecer o nosso grande Brasil.

Ai formou-se arraial depois distrito.
Então em vila, e uma cidade juvenil.
Que transformou-se e cresceu bela morena,
Esta cidade de um povo varonil.

Assim cumpriu o destino da família
São imortais bandeirantes do Brasil                    

UMA CANÇÃO À MORENA

És formosa e que beleza
Vou fazer-te uma canção.
Sem lamentos e sem tristeza
Do fundo do coração.

Minha terra não é pequena
No seu verde tem mais cor.
Tem o cheiro da morena
Tem o cheiro do amor.

Tem o homem brasileiro
Vindo de todos os lados
Aqui vira hospitaleiro
E seu filho amado.

Campo Grande é essa terra
Terra de boa gente.
Um passado de glórias
E um povo presente.

Nos versos dessa história
É portal dos pantanais.
É morena e rosa ipê
Quem conhece não esquece mais.

É você minha cidade
Quem te deixou sente saudade.
Do teu cheiro de morena
Do teu cheiro de amor.

CIDADE MORENA

De longe trazia
Em cansaço e espera,
Em tempo tão longe,
Um desejo nascia.

Buscar horizontes
Esquecidos em mapas,
Trilhando caminhos,
Nascentes e fontes.

Em tempo primeiro,
Pisou nessa terra,
Talvez em outono
Quem sabe em janeiro?

Antigas campinas.
De um tanto perfil.
Sonhou o homem,
Enriquecer o Brasil.

Em nascente pequena,
Nasceu o arraial.
Em distrito e vila,
Cresceu a morena.

Cidade frondosa,
De um povo viril.
Morena formosa,
Coração do Brasil.

MATO GROSSO DO SUL

Mato grosso do Sul
Terra de boa gente.
Um passado de glórias
E um povo presente.

Nos versos dessa história,
Terra dos pantanais,
Riquezas minerais,
Homem trabalhador.

Mato Grosso do Sul
Nos seus campos, trigais
Como um verde tapete,
O homem planta mais.

Semente de esperanças
Que fecunda na terra,
Brota no coração,
Nosso Estado não erra.

Mato Grosso do Sul,
Rio Verde e Bonito, belezas naturais,
Miranda e Aquidauana,
Portal dos pantanais.

Mato Grosso do Sul
Enriquece o país,
É de portas abertas
E um povo feliz.

Sávio de Oliveira

POESIAS DE MEU ÚLTIMO LIVRO

HOMEM PERFEITO
Eu busquei , por entre os homens , um homem direito.
Aquele que fosse um tanto perfeito.
Um homem que amasse as pequenas coisas
Que visse nas flores, a presença de DEUS .
Eu busquei por entre as ruas, entre a multidão
Um homem que canta e não tem solidão
Um sorriso, a vida e muita paixão.
Encontrei em cada esquina, um homem sonhando
Em cada esquina, um homem chorando
Um homem sozinho, entre a multidão.
Eu busquei, por entre as montanhas um pássaro raro
Com canto de paz, voar altaneiro
Uma flor que exalasse, um perfume infinito.
Encontrei, o homem que busco,
Por entre as montanhas.
No canto do pássaro, na flor, no perfume
Na relva, no lago, em toda a natureza .
Esse homem é o mesmo homem
Que aqui já esteve, e sempre estará
Nessa multidão, em cada esquina
No choro, no sonho, e no coração.
AGRADECIMENTOS
Esse mundo, essa terra, esse planeta enfim .
Esse homem, esse homem, essa natureza
Esse dia, essa noite, essa lua, esse sol
Essa estrela que brilha, esse rio, esse mar .
Essa vida, essa vida, esse meu criador
Obrigado meu pai, pelo seu amor.
Obrigado meu pai pelo meu saber,
E que tudo na vida eu possa entender.
Obrigado meu pai, por mais um dia,
Pela saúde e pela alegria.
Pela sinfonia do cantar dos pássaros,
No entardecer e no raiar do dia.
Obrigado meu pai pelo homem bom,
Que respeita a vida e ama seu irmão.
Obrigado meu pai pelos pantanais,
Pelas garças brancas e os animais
Pelas águas das chuvas, pelas águas dos rios,
Que banham as terras secas do sertão.
Obrigado meu pai pelo homem do campo
Que semeia o trigo e colhe o pão
Obrigado meu pai pelo trabalhador,
Com seu suor, sustenta a nação.
EM BUSCA DE PAZ
Eu vi uma lua cinzenta,
Uma luz ofuscante,
Uma estrela apagando,
E a criança chorando.
Eu vi uma luz que descia,
Uma luz que subia,
Infinita fileira,
E uma neve vermelha.
Vi o homem , matando o homem,
Matando a terra , fazendo guerra.
E a tristeza nos olhos do mundo,
Um choro abafado, um homem calado.
Pelos caminhos a paz tão distante,
E o homem errante mata o irmão.
Quantas famílias perdidas sem rumo,
Caindo por terra, e sem direção.
É preciso que o homem enxergue,
Uma luz de amor, no horizonte.
E jogue as armas por terra,
Que busque a paz, não faça a guerra.
É preciso ver a lua brilhando
Uma estrela distante
E a criança sorrindo.
PLANETA ESCOLA
Neste planeta a gente vive tão feliz
É nosso lar, é nosso lar, nossa mãe terra
É nossa escola que ensina o Be a Ba
Uma cartilha onde aprendemos a amar.
Amar o colibri e a flor
O gesto simples de uma criança.
Que é hora de semear amor
Amar o velho, o jovem e a infância.
Esta escola ensina a viver
Em harmonia com a criação
Mas é difícil o homem entender,
Difícil aprender essa lição.
O homem mata o homem, seu irmão.
Não respeita nem os animais
Destrói a vida com poluição
Faz guerra por um pedaço de chão.
Mãe terra pede em lágrimas e dor
Que não destrua a vida e o amor
E em soluços ela desabafa
Que respeite então seu criador.
PAZ NO TRÂNSITO
Você motorista, preste atenção.
No que vou falar e dizer então.
Nas rua e estradas, volante na mão.
Você motorista preste atenção.
A velocidade mata como a guerra
Pedestre na rua tem o seu direito.
De andar sem temor a morrer desse jeito,
Não corra não mate, tenha mais respeito.
O álcool é o seu maior inimigo,
Sempre tira a vida de um grande amigo.
Você motorista, preste atenção,
Não corra não mate, não sofra então.
A estrada as vezes é tão traiçoeira
Nunca ultrapasse de qualquer maneira.
Preste atenção que vem uma criança
Atravessando a rua, sem qualquer lembrança.

Faço um apelo a todo motorista
Preste atenção, não seja egoísta.
Sua vida tem, muito valor.
Trate outras vidas com bastante amor.
A paz no trânsito é importante
Respeite a vida a todo instante
Nas ruas e estradas, volante na mão
Você motorista preste atenção.
MATO GROSSO DO SUL
Mato grosso do Sul
Terra de boa gente.
Um passado de glórias
E um povo presente.
Nos versos dessa história,
Terra dos pantanais,
Riquezas minerais,
Homem trabalhador.
Mato Grosso do Sul
Nos seus campos, trigais
Como um verde tapete,
O homem planta mais.

Semente de esperanças
Que fecunda na terra,
Brota no coração,
Nosso estado não erra.
Mato Grosso do Sul,
Rio Verde e Bonito, belezas naturais,
Miranda e Aquidauana,
Portal dos pantanais.
Mato Grosso do Sul
Enriquece o país,
É de portas abertas
E um povo feliz.
HOSPITAL
Vinte horas, marcava o relógio na parede branca.
Cartazes de informação.
A música de fundo me chamava à realidade,
Me envolvendo num dinamismo mental e infernal.
Microfone anunciava entre tantas paredes,
A quem circulava nos corredores.
Me envolvia em desespero,
Até que aquela música me despertava novamente.
Nenhum corredor me levaria à ela,
Todos se davam num vestíbulo,
Onde uma enfermeira toda de branco,
Cheirando a clorofórmio, me barrava.
Uma máquina com seu tic-taç
Jogava letras e mais letras
E me zunia como se fosse enxame de abelhas.
E o relógio restava dependurado, inerte,
Como se o tempo houvesse parado.
No terceiro andar ela estava dividida
Entre elevadores e escadarias
Como se fossem grades de ferro.
PRISIONEIRO DA TERRA
Povo de minha terra.
Terra de meu povo.
O suor desce por sua face,
E você diz que está cansado.
Povo de minha terra,
É a terra que te enterra.
Você não cansa nunca,
É apenas prisioneiro.
Hei! povo de minha terra.
Terra que não tem povo.
Povo que mata a terra,
Terra que cansa o povo.
Abre a terra pra virar boca
Povo de minha terra.
Feche a boca pra virar terra
Mas não diz que está cansado.
NOITE FRIA
A cidade adormecida
Se envolve no lençol da escuridão.
Fecha os olhos dos prédios da avenida
E procura dormir plantado ao chão.
Espanta o frio na face pálida da lua,
Que as nuvens se agasalham enluaradas.
E espia o que se passa nessa rua.
Rua da sombra!
Rua do lixo!
Rua dos homens desamparados!
Rua do roubo!
Rua do vício!
E de moleques de pés no chão.
Rua das moscas e de monturos.
Rua da fome.
Rua das crenças tuberculosas.
Rua da morte.
TEMPO DE INFÂNCIA
(Ao meu querido pai)
Me lembro com tristeza da porteira velha,
Com oco e ninho de pica-pau.
Lá em baixo a casa de minha infância,
E ao lado o grande curral.
Lembro do meu pai, que todas as manhãs
Me mandava pra escola aprender o be, a, ba.
Ele que de sol a sol, trabalhava sem parar.
Que saudade tenho de meu tempo de criança,
De correr nos pastos, subir nas árvores,
Fazer macaquice.
Que saudade tenho pai,
De quando ralhava com minhas peraltices.
E as estórias que à noite você contava,
Do pomar, da gruta e dos animais que criava.
Tudo se passou a tanto tempo,
Mas me recordo dos frutos que eu comia.
A figueira que sempre me escondia,
Do cavalo baio, que as vezes eu corria.
Está distante, tão calado,
Mas nem tudo acabado.
Resta-me ainda a memória da infância,
As vezes ainda me pareço criança.
Há também a fantasia de suas estórias, pai
E o sabor dos frutos do pomar.
Ah! Me resta também você pai,
Em minha memória.
PRIMAVERA

O amanhecer de um dia de sol.
O cantar de um pássaro no galho da palmeira.
O voar nefasto da borboleta,
Se misturando às cores do jardim.
É hora de badalar s sinos da torre alta,
E avisar de sua chegada, ó rainha.
Que vem esbeltar as rosas,
Dizer dos cravos, os belos,
E das tulipas, as princesas.
E dizer de todas as flores, que é chegada a hora,
De abrir as janelas,
E deixar entrar o brilho da natureza.
Que é hora de iluminar as fontes,
E dos vales se misturarem aos verdes das matas.
E ouvir o mugido dos símios,
E dos estrondos das cascatas.
E do nascer de um broto e de um botão.
E do nascer de uma flor.
ÁRVORE
Terra abençoada,
Acolheste as sementes trazidas ao vento.
De tão pequenina que era, nem os olhos a fitavam.
Caia em noite fria, um chuvisco em silêncio.
E em silêncio ainda, a pequenina semente,
Achou chegar a hora, e despertou.
Se abriu em partes tão iguais e germinou.
Dela, apontou um minúsculo pendão de cor indefinida.
Abraçou ao vento e ao tempo,
Fez dela frondosa.
Gigantesca por natureza,
Esplendida pela beleza.
E que em tantas primaveras,
Exalou ao longe, o sensível perfume.
Até que murchaste a flor,
De um brilho amarelo.
Por tantos outonos,
A árvore esbelta, devolve à terra
O que dela morre.
Fortalece o humos que depois dará o seu sustento,
Para que em muitos verões,
Possa dar assento e oferecer seus deliciosos frutos,
E agasalhar os pássaros,
Em tantos invernos.
CIDADE MORENA
De longe trazia
Em cansaço e espera,
Em tempo tão longe,
Um desejo nascia.
Buscar horizontes
Esquecidos em mapas,
Trilhando caminhos,
Nascentes e fontes.
Em tempo primeiro,
Pisou nessa terra,
Talvez em outono
Quem sabe em janeiro?
Antigas campinas.
De um tanto perfil.
Sonhou o homem,
Enriquecer o Brasil.
Em nascente pequena,
Nasceu o arraial.
Em distrito e vila,
Cresceu a morena.
Cidade frondosa,
De um povo viril.
Morena formosa,
Coração do Brasil.
RIO DA MORTE
O grande rio, se formou de um riacho
De uma nascente qualquer
Daquele morro
Em suas águas que outrora cristalinas
Onde o homem pescador, sobreviveu
Bando de aves que ali pousava sempre
O majestoso tuiuiú, e o martim - pescador.
E as revoadas, garças brancas como plumas
E peixe em abundância
Onde o homem ribeirinho
Tirava o seu sustento
Até que um dia, a consciência do homem
Transformou-se em ganância
Fez das águas cristalina
Turvas como a solidão.
Já não se via, revoadas, garças brancas
Foi embora o tuiuiú, morre o peixe dia a dia.
O grande rio se transformou em rio da morte
Rio sem peixes, rio sem porte, águas de poluição.
Só a tristeza, moradia destas bandas
E um sol arrefecido, suporta esse lugar
O homem mata, destrói toda a natureza
Transformando essa beleza na mais pura solidão.
SAUDADES
Lá vou eu de novo rabiscar,
Brincar com papel rasgado
Com letras dizer te amar.
Novamente de caneta na mão
Vou dizer de você meu amor,
A saudade que sinto então.
Foste embora de madrugada
No despertar da alvorada
Pássaros cantaram em silêncio,
Respeitando a dor que me austerizava.
Daí, o sol que viria nesse dia de tristeza,
Negou-se a iluminar.
E com luz arrefecida,
Foi-se embora com certeza.
Pardais que ali cantavam,
Saltaram de galho em galho
E num voar altaneiro,
Quem sabe para onde rumaram.
E o colibri que veio em meu jardim pousar
Foi-se embora de tristeza,
Ao ver a rosa murchar.
PAI NOSSO
Pai nosso que estais no céu
Que estais na terra, em todo o universo.
Pai nosso, que estais aqui
Entre os homens , os animais e a natureza.

Santificado seja o teu nome
O vosso reino de amor e paz.
E seja feita a tua vontade
Aqui na terra e lá no céu.
O pão nosso de cada dia
Do suor e do trabalho, dai-nos sempre o perdão.
Perdoaremos os que nos ofendem
E amaremos todos os irmãos.
Pai nosso, que estai aqui nos desarmai do desamor.
Pai nosso, nos daí a benção, nos daí a paz e o amor
E nos livrai de todo mal, nos livrai da fome e da tentação.
FLORESTA QUE TE QUERO VERDE
Verdejante floresta,
Escondes em ti os segredos dos duendes.
Em teu seios ocultas belos pássaros.
Correm límpidas águas
E os animais se refugiam em tua relva.
Verdejante floresta,
Tuas estrondosas árvores
Despertam em mim grandes anseios.
Não deixe que aproximem de ti,
Nem que penetrem em teu meio.
Floresta negra, que és chamada,
Pela escuridão de tuas sombras.
A sol posto, rugi os fantasmas entre teus troncos.
É o formoso mugido dos símios.
Aí calas, a solidão de teus segredos.
Quando despertas, verdejante floresta.
Sol a pino, te rouba o orvalho,
Fortalece teu solo,
Te alenta a seiva
E alimenta teus secretos habitantes.
VISÃO
Tardia em mim visão.
Quero ver o sol se por no horizonte.
Não fujas agora,
Deixe-me ver outra vez o clarão da lua,
Se despontando na escuridão da noite.
O brilho das estrelas no alto dos céus,
E a alvorada do amanhã.
Não quero apenas ouvir o cantar dos pássaros,
Deixe-me ver a cor de seu som,
Indo ao encontro do infinito.
Não se afaste agora, visão,
Quero ver a borboleta acariciando a flor,
Permita-me Deus,
Que eu não sinta apenas o molhar das chuvas,
Mas que eu veja o rolar das enxurradas.
E lá em cima, eu possa apreciar as nuvens,
Dançando num balet inconfundível.
Vinde a mim ó luz que brilha.
Vinde a mim, ó luz das estrelas.
IMAGENS
A flor, o pássaro e o rosto,
Tonalizam com fundo branco.
Faz parte de um A, B, C e bico de pena.
Moldurado por linhas retas, adicionava imagens,
De jogo, desejo, sonhos e de poeta.
De carnaval, de guerra, de poema, amor e vida,
De apelo, poesia, gente, do mundo e de sentimento.
Desejo de voar contra o tempo,
Desafiar a guerra e os homens,
E cantarolar entre o verde das matas.
Lutar contra o jogo da vida, pelo amor.
E poetizar os sonhos.
Exalar perfume nas noites tristes,
E desabrochar a cada manhã,
Tonalizando o fundo branco,
Com cores de arco-íris.
TROVADOR
E morreu o poeta,
E a poesia se fez viva com a dor.
A poesia renasce o poeta,
O poeta não morre,
Nem morre o trovador.
RUMORES EM ALTA NOITE
O ladrar de um cão despertou o silêncio daquela noite.
Um galo cantou ao norte da cidade grande.
Nas boates, mulheres da vida bebiam em algazarra.
Num canto da cidade, ladrões roubavam uma loja.
Num outro canto roubavam um banco.
Num terceiro canto, alguém assassinava alguém.
No centro da cidade grande, bêbados e mendigos,
Dormiam em bancos e calçadas.
E no quarto canto da cidade,
Ouvia-se uma sirene.
GIRO
Andando,
Voando,
ou
Amando,
A gente vive sonhando.
Só que amando, penso que estou sonhando.
Quando sonho, pendo que estou amando, andando e voando.
GRITO
Do grito louco à lucidez,
Do meu delírio a sensatez.
Minha loucura já passada,
Mas na lembrança, marcada.
Em meus olhos, a tristeza carnal,
Vendo a todos, lançando o mal.
De minha boca, um sorriso triste,
Sabendo que o mal ainda existe.
Do meu amor, vejo esperanças,
Do passado só lembranças.
Do meu andar, a podridão,
De tanta gente sem coração.

Que na solidão carrega a cruz.
E no escuro, nunca vê a luz.
No seu destino traçado, espinho,
Nunca livre como um passarinho.
Por isso o eco no infinito,
É lançado sempre em grito.
Grito triste que sempre existe.
Grito marcado, grito triste.
Grito rouco!
Grito louco!
CAMPO GRANDE
Aqui chegaram vindo das terras de Minas,
Uma família que até hoje é tradição.
Carro de boi, deixaram muitas trilhas,
Pelo caminho foi formando plantação.
Por muitos meses desbravando essas terras.
Acampamentos num mundo de solidão.
E a saudade dos amigos que ficaram,
A dor no peito que feria o coração.
Buscando novos horizontes esquecidos,
Inexistentes no mapa dessa nação.
Trilhou caminhos muitas nascentes e fontes,
Até chegar no cruzamento de dois rios.
E nessas terras escampadas, pradarias,
Grandes campinas, a família decidiu.
Fincar aqui sua primeira bandeira,
Enriquecer o nosso grande Brasil.
Ai formou-se arraial depois distrito.
Então em vila, e uma cidade juvenil.
Que transformou-se e cresceu bela morena,
Esta cidade de um povo varonil.
Assim cumpriu o destino da família
São imortais bandeirantes do Brasil

MEU 2º LIVRO

JOGO O JOGO E DIGO



Falo de prisão, mas não é xadrez.

Falo de xadrez mas, não é prisão.

A soma das equações dilaceram a minha mente.

Não pertenço à vanguarda

nem transformo música erudita.

Não crio o começo

não existe o meio,

nem tão pouco o término.

Sinto-me poeta

Até a última força de minhas cordas vocais.

Canto em turbilhões de vozes

uma única melodia

até a orlada auto-destruição.

E continuo cantando após a morte.

Sinto-me José,

Pois amo o tudo e possuo a única arma:

O continente... e a palavra.

Jogo o jogo e digo...

Que o verdadeiro poeta

tem vantagens sobre mim.

Ele possui o amor,

Coisa que também possuo.

Nele está a tristeza espiritual

em mim a tristeza carnal.

Mas não sinto o sexo na figura

ou como uma dor de barriga.

Não sou protagonista de festa,

sou apenas a peça.

Sou traído pelo meu próprio corpo,

pela própria mente.

Errei e sinto-me fraco e cansado.

Em cores transparentes

Vejo o que me transformo.

Sinto-me pequeno

Quero o carinho roubado pelas máquinas

Quero generalizar minha sorte.



QUERER



Que me sepultem num lugar onde só...

Mas terei muitos em meu redor.

Levem os pássaros p`ra cantar na alvorada.

E novas cantigas ressoem no entardecer.

Que muitas flores vão colorir aquele lugar.

E que seja sombra p`ra me agasalhar.

E que cantem hinos e orem neste pedaço.

Fazendo dele meu único espaço.



POETA



Ser poeta é mergulhar no mais profundo do ser e se despertar.

É ir de encontro à sua criança e liberta-la.

Ser poeta é amar as flores, sentir o voar dos pássaros e o som da brisa.

Cantar o mais belo dos hinos e velejar em mares calmos e serenos.

Ser poeta é sentir-se muito próximo ao abstrato.



UM CARNAVAL EM ANGICO



Na estrada, uma porteira de varas com dois mourões apenas.

Um riacho de águas límpidas paralelava o caminho.

Lá no fundo, a casa, a bica e a choça onde uma rede se estendia.

Lá embaixo um verde vale que parecia não ter fim onde vários riachos se uniam.

Entre dois montes bem próximo ao horizonte,

uma chuva que parecia mais umas fumaça caia.

E entre dois outros, como se fosse um imenso fogo,

o clarão que descia.

Papagaios passaram cantando um canto de carnaval

e se misturaram ao verde das árvores.

A cachoeira com seu estrondo fantástico

parecia mais um campo de concentração.

Em volta da casa uma água mansa com seu tilinta,

reinava a paz tranqüila como chuvas de verão.

À tardinha o céu se nublou de vez.

O vale continuou imenso e verde.

Os pássaros continuaram nos seus cantos de alvorada.

Na bica, a água caia serena e se deslizava pela ribanceira.

E lá no horizonte, entre dois montes

ainda se avistava um clarão.



SEU POEMA (À Dagmar)



Agora faço seu poema como se rega uma planta.

Faço seu poema como o desabrochar de uma rosa.

Faço seu poema como vejo a noite criança.

Como vejo a lua na semi-claridade de uma madrugada,

entre o tilintar das perdidas estrelas.

Faço seu poema como se fosse a vida se desenrolando dia a dia.

Como se fosse a tarde, cada fim de tarde.

Faço seu poema como se brinca com palavras,

desafiando linhas e papel rasgado.

Faço seu poema como se fosse o sol procurando se abrigar no horizonte.

Faço seu poema, como faço tudo, como faço o tempo, como faço seu poema.

Como se fosse pássaros fazendo no entardecer novas revoadas.

Faço seu poema como se fosse a gente fazendo nova caminhada.



UMA ROSA COM AMOR



Rachando-se com esforço da vida, vi a terra ceder aos poucos

Nasceu dela um broto, a quem a natureza serviu, amamentou.

De pequenino que era com o tempo vi braços de alegria reflorar

Estendendo-se no espaço que a graça lhe sorriu.

Uma vez madura, a planta não deixou de retribuir o dom recebido:

Uma rosa faceira em cujo perfume a brisa se deliciou.

Nesta manhã, quando o sol, rápido aqueceu o coração romântico,

a rosa te sorriu um sorriso inocente que se apagou na sua mão.

Lindo ela chorou da nobreza dos espinhos

Que respeitaram a mão sensível que a ofertou.

Lançando fora a beleza murcha,

Não percebeu a mão distraída,

Que outra flor nasceu,

Da lágrima da mãe que chorou.



APELO



Pântanos, rios e corixos

Belas aves, vida e beleza

Querem destruir os animais

Salvem os animais

Querem destruir os pantanais.



Se nada disso resolver

Nada mais se tem a falar

Tanta gente vai sofrer

Sem ter lugar onde morar.



Salvem os animais.

Salvem os pantanais.



O verde que era verde não tem cor.

O branco que era branco avermelhou

A luza que existia se acabou.

E a escuridão se apoderou.



Vamos salvar os animais.

Vamos salvar os pantanais.



O peixe rio acima se mandou.

O bicho todo o homem matou.

As aves não ficaram para ver.

O lindo pantanal a li morrer.



TOBIAS DO PANTANAL



Tão esquecido do tempo nem sabia quando nascera

Idade não se calculava e a voz já se confundia

Mas, de muito não esquecera.

Num casebre de mata, horas se passavam e p`ra mim ele não mentia.

Disse passagens de sua vida, falou tristezas e alegrias

Contou do rio dos peixes e dos jacarés seus vizinhos

Das cobras do outro lado e de seu filho amado

À beira de um corixo, sem vida e que chorou sobre ele,

Que os pântanos se encheram de lágrimas abafando seus soluços.

Quase no desespero da velhice olhou p`ro alto na esperança

de encontrar um Deus, que se manifestou no esvoaçar suave

de uma garça.

...Ele deveria viver ainda que sozinho

Na doçura das matas

No silêncio dos pântanos

No silêncio da paz.



TUA POESIA (Lino Vilachá)



Na tua poesia vejo

o tema e o lema

da dor, da cor, do amor.



Amargura, doçura, ternura,

lembrança, esperança.



Jardim de flores coberto.

Flores das mais lindas.



Brancas, amarelas, azuis, rosas...

E você num sorriso, reunindo todas as cores

desse arco-íris terrestre,

que é o jardim de sua poesia.



Tua poesia leva



Numa corrida fantástica o teu corpo

sobre uma cadeira de rodas, mas

tua alma, a esvoaçar feliz.



E no bosque encantado...

Onde finda tua corrida...

tua mão joga pedrinhas nos peixes

de um rio de águas cristalinas

enquanto tua essência de poeta

confabula com as maravilhas astrais

do universo.



KURUMIM



Caminhos tortos, casas abafadas, perdidos.

Tentando se achar entre

um formigueiro de formigas

inteligentes, misturadas

na palha,no jogo.

E a certeza do amanha,

O encontro

envolvendo num dinamismo constante,

a mesa, entre as folhas, livros e cadernos.



E os gritos, gritos, gritos

entre pensamentos corroídos

e sonhos bonitos

e cheirando cola, cola, cola.



Misturados a uma vontade secreta de ter.

Com borrões nas paredes,

palavras marcadas e pés no chão.

Briga, discussão, espinho na mão.



Mas cada dia, cada fim de tarde

Levo a vontade e a certeza

de colher flores desse jardim.



MUNDO INFANTIL, UMA ESCOLA PARA ADULTOS



Deixei que as crianças entrassem

por um muro sem portas,

nestas portas sem muros.

Tirei meus pés do caminho para

que eles não servissem como obstáculos.

E eles me ensinaram a levantar muralhas sem pilares.

Deixei que me experimentassem

uma a uma até que sentissem

a verdade de minhas intenções.

Até que minha presença

fosse justificada em seu meio,

deixei que me criticassem,

como se eu mesmo fosse o erro

e devesse nele me censurar ou me calar.

Deixei, então que me ensinassem sendo eu

um simples joguete de sua sabedoria.

Aprendi...aprendi...aprendi.

como se estivesse numa escola

e me fosse ensinado problema por problema

com soluções e mais soluções.

Nas suas desavenças aprendi o bem que existe.

Nas palavras, que mesmo agressivas

vem carregadas de sentimentos.

Na revolta tem o amor,

na rebeldia, a dor,

nos sonhos, muitas flores

que se abrirão num dia de sol.



SETE DE SETEMBRO



Naquele dia, na beira de um rio

Um homem se aproximou e pro alto olhou.

De sua garganta um grito se ouviu

Era o fim de um império e o começo do Brasil.



Pois tão longe ecoou

Sua voz no infinito

Independência ou morte

Ouviu-se de um grito.



Em todos os cantos dessa nação

Criou-se em rimas uma canção

De um grito distante cheio de glória

Abre-se a primeira página de nossa história.